quinta-feira, 14 de julho de 2011 | By: Doracino Naves

Cântico a um líder


Iris Rezende é festejado como um líder carismático e moderno. Sua vida é o foco de artigos, crônicas, livros, programas de rádio e televisão, inclusive dissertações de mestrado e teses de doutorado. Somem-se a isso os discursos, homenagens e títulos que lhe foram prestados no curso da sua vida pública. Além do raro talento político sua alma está centrada na dignidade do ser humano.

Com ações que visam o bem das gerações futuras. Exagero? É só levantar os seus feitos de 53 anos de vida pública. Aliás, sua missão sempre foi servir ao próximo; exemplo do pai Filostro Machado. E isso se cumpre em cada função pública que exerce. Iris é o resumo da sabedoria dos antigos em um discurso moderno. Os sábios da  tribo Sioux,  índios do nordeste dos Estados Unidos, planejavam o futuro pensando na sétima geração. Assim faz o Iris em suas administrações. Pessoas anônimas, artistas e intelectuais se encantam com a sua capacidade de contar histórias e realizá-las. Talvez venha do céu o fogo do seu ideal que usa para iluminar o caminho do povo.

Pedro Ludovico, um sonhador como Iris, idealizou aqui um posto avançado de uma nova civilização; inaugurada com o Batismo Cultural, em 1942. Sete anos depois Iris Rezende chegava a Goiânia. Em 1965 foi eleito prefeito. Antes deles, Goiás, um dos estados mais atrasados do país, vivia de uma tradição agrária rudimentar. Mas, a‘treição’, um costume da roça conhecida como mutirão, simbolizava o jeito peculiar do povo do interior em compartilhar sua vida com a dos vizinhos. Iris implantou o sistema de mutirão  na administração pública. Joseph Campbel, mitólogo norte-americano, diz que aquilo que os homens têm em comum revela-se no mito. Coube ao Iris incorporar a cultura goiana de luta contra as adversidades e projetá-la para o futuro. Sua biografia revela um construtor  incansável.

Nem as derrotas pessoais, como a cassação do seu primeiro mandato de prefeito pela ditadura militar em 1969, lhe tiraram o ânimo. Voltou como governador em 1982 e 1990.  Depois vieram as derrotas de 1998 e 2002. Só as pessoas iluminadas acham força em Deus para superar o deboche dos contrários.

Lembro nessa crônica a lenda Tupi sobre a origem do fogo contada por Levy-Strauss, antropólogo francês, em seu livro O Cru e o Cozido: "O herói mítico finge que morreu e atrai os urubus. Estes, que eram os donos do fogo juntam-se em volta do morto e acendem uma fogueira para cozinhá-lo. O herói afugenta os urubus e toma posse do fogo entregando-o aos homens". As vitórias em 2004 e 2008 são metáforas dessa história. Numa visão antropológica a vida de Íris Rezende tem um formato mítico que se assemelha ao personagem de Strauss. E esta lenda, com versões diferentes, corre longe.

Uma das características do mito é a forma simbólica da narração dos seus feitos.  A outra é a de que a história do mito explica a realidade vivida em sua época. Mircea Eliade, historiador romeno, diz que o mito conta a história de um comportamento humano que se torna uma realidade. Iris Rezende, mais do que gestor, é a própria manifestação da cultura viva de Goiás; criou um paradigma com a cara de Goiás. Naturalmente que este padrão está fundamentado em modelos de transformação dos costumes. O exemplo de Iris produz  um novo conhecimento; modernizam as relações humanas; influenciam o comportamento individual e coletivo; alteram a ocupação do espaço do homem e leva os estudiosos a um olhar científico sobre as suas ações. Isso o coloca como autor contemporâneo da história goiana. Na visão antropológica Iris é a síntese da cultura que transforma e ensina pelo exemplo. Temos em Goiás dois mitos: Pedro Ludovico Teixeira que construiu Goiânia e Íris Rezende que a fez metrópole. Por esse lado penso que o Iris foi mais ousado; construiu quase toda a estrutura física atual, principalmente casas populares e estradas asfaltadas.            

Goiás precisa se desenvolver mais para se firmar como marco da civilização sonhada por Pedro Ludovico. E o farol do futuro aponta para Íris Rezende. Interessante observar que, com o passar do tempo, ele se moderniza. Sobretudo sua dialética que valoriza o outro sem negá-lo. Por essa causa as suas realizações são mais duradouras. E são cantadas em prosa e verso como cântico a um líder que acaricia todos os tempos. O que faz com que esta representação simbólica do mito Íris Rezende inaugure uma nova prática numa época de arrancar as raízes da descrença.

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