domingo, 8 de setembro de 2013 | By: Doracino Naves

As correntes de Hefesto

Hefesto nascera feio e coxo. Tão rejeitado e indefeso que Tétis decide criá-lo em uma gruta escondida no fundo do mar da Grécia. Lá aprende a construir finas peças de jóias em ouro puro: a coroa de Pandora; a taça de Baco; as correntes de Prometeu; a flecha de Apolo e a couraça de Hércules foram peças construídas pelo divo.

Esse menino rejeitado por Hera é conhecido na mitologia grega como o deus do fogo, do ouro e de todos os metais fundíveis; exímio artesão, também enfeita com sua arte os mais belos palácios da esplanada mitológica. Jogado ao mar pela mãe vaidosa, arquiteta sua vingança construindo um trono ornado com desenhos ricamente trabalhados em ouro. Vaidosa e frívola, Hera nem pensa para sentar-se no trono reluzente. Tenta se levantar e não consegue.  Para libertá-la Hefesto pede a Zeus que a divina Afrodite se case com ele. Depois do casamento sua esposa o trai com Ares, sanguinário deus da guerra. Com milhões de megatons na voz, Hélius, o amigo da carruagem de fogo, conta-lhe toda a trama.

Sentado em frente à sua bigorna Hefesto planeja se vingar dos adúlteros. Os dois, pensando que ele estava em Lemmo, voltam à cama. Mas, ficaram presos na armadilha feita com correntes mágicas. Avisado por Hélius o marido chama todos os deuses do Olimpo para ver a cena confrangedora dos amantes nus.  Zeus se indigna com a exposição pública de um caso pessoal.  Ordena que liberte Ares. Apolo, jocoso, se oferece para ficar preso com a bela Afrodite. Poseidon promete vultosa soma em dinheiro a Hefesto. Com tal promessa desfaz as correntes. O tempo passa com o deus do fogo ainda apaixonado pela bela Afrodite. Nasce Harmonia. O que mais o irrita é saber disso. Borbotam dos seus olhos lavas incandescentes nascidas dos vulcões do Olimpo.

 “Oh, Harmonia, filha bastarda de Ares e Afrodite, hei de me vingar tão terrível quanto à dor de ser traído”. Hefesto planeja sua vingança para quando a moça chegar à idade de se casar. Chega, enfim, o dia do casamento com Cadmo. O Olimpo se enfeita para a festa. Vestida num robe dourado, presente de Atena, ouve Apolo tanger sua lira num canto do palácio dos deuses.

Afrodite encomenda para a noiva um riquíssimo colar a Hefesto que promete beleza irresistível quando o vestir. Harmonia não sabe que o colar traz uma horrorosa maldição. Ao vesti-lo se transforma numa serpente. O colar é uma praga que traz infelicidade e morte a quem o usa. Até Jocasta, depois de usá-lo casa-se com o próprio filho e se mata ao saber disso.  E as mortes acontecem pela eternidade como é o sofrimento de Hefesto.

(Publicada no jornal Diário da Manhã - DMRevista - Goiânia - Goiás em agosto de 2013)
                
Doracino naves, jornalista; diretor e apresentador do programa Raízes Jornalismo Cultura, na Fonte TV. Escreve aos sábados no DMRevista.

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