segunda-feira, 21 de abril de 2014 | By: Clara Dawn

Deus é O Grande Arquiteto do Universo e Cristo A Verdadeira Luz

Estou na maçonaria há quase quarenta anos. Até hoje rejeito a crença no Grande Arquiteto como o ser superior. Gosto do Rito Emulação, de origem inglesa, que crê no Deus da Bíblia; o único Vivo e Verdadeiro. Deus é o autor de todas as coisas; arquiteto do belo, suave e arrebatador universo. Também é um primoroso Geômetra no processo criativo do simples e harmonioso mundo. Então, segundo a minha fé, O Altíssimo Deus Todo-poderoso é O Grande Arquiteto do Universo.  

Tendência maçônica predominante no Brasil o Rito Escocês revela que uma força qualquer criou o mundo e foi descansar; um deus morto. Essa ideia - nó górdio que confunde maçom e não maçom - é aceita pela grande maioria. Quem se orienta por essa concepção filosófica não acredita na revelação de que Deus é Onipresente, Onividente e Onisciente. Não aprovo o discurso de um Deus sem obra exterior. Cristo é a materialização inconteste do Criador na terra.            

O Rito Emulação crê na intercessão salvadora de Jesus Cristo definido nos rituais e preleções como a Verdadeira Luz. Existem duas tarefas dadas ao maçom em sua admissão: a construção do templo espiritual, arquétipo do Templo de Salomão, e o encontro com a Luz Verdadeira, ápice da perfeição humana. Na maçonaria na qual acredito, ou em qualquer sociedade que coloca a honra e a virtude acima das coisas materiais, o aspecto moral prevalece. Afinal, a maçonaria segue o princípio cristão do bem ao próximo. Quando alguém me diz que a maçonaria não possui dogmas dá vontade de dar um pulo para trás. A maçonaria que eu creio tem um dogma: Deus.

Noutros tempos o presidente de uma conceituada associação internacional de potências maçônicas me disse que sua meta é ter maçons livres numa loja livre. Lembro-me de que olhei fundos nos seus olhos e de sobrolho respondi-lhe que tal fato é a oficialização da suruba ideológica dentro das lojas. O interessante disso tudo é que uma grande parte dos maçons brasileiros nem sabe a orientação filosófica do rito da sua loja.  É falta de estudo de quem não lê; fato comum na vida dos nossos conterrâneos.

Parece bonito dizer “sou maçom livre numa loja livre”. Ou seja, “acredito em qualquer coisa que quiser numa loja que pode fazer o que seu Venerável quiser”.  Percebo que a maioria está ali pelo convívio social. Isso não é ruim, afinal a fraternidade é uma das suas divisas mais antigas. Talvez o pior seja a falta de informações sobre a essência dos rituais. Mais recente, diante da luta quixotesca pela da falta de sensibilidade sobre o papel da maçonaria no mundo atual, resolvi dar um tempo nas minhas atividades dentro da loja e me dedicar à literatura. Penso que a ideologia dos antigos, limitada ao interior das lojas, envelheceu e está superada pela era moderna. No Brasil ela sofre com a sua crise de identidade; nem é uma instituição iniciática, nem um clube de serviços.  

A Ordem maçônica, fundada 1717, é o fato histórico mais importante da história recente da humanidade, pois formulou uma filosofia própria a inspirar filósofos, historiadores, estadistas, artistas e escritores que passaram pelas lojas. A maçonaria é, então, uma escola de pensamento fundada em princípios iniciáticos das antigas corporações e guildas de operários da idade média que evoluiu com a entrada de pessoas mais cultas. O resto é fantasia. 

Doracino Naves, jornalista; diretor e apresentador do programa Raízes Jornalismo Cultural (wwwraizesstv.net),  PUC TV, sábado, 13h30. Escreve aos sábados no DMRevista.
       

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