segunda-feira, 12 de novembro de 2012 | By: Doracino Naves

As chuvas voltaram

 

Uma rosa branca se abre em silêncio. Eu acredito no vento, nas flores e na poesia. Eu creio no Deus Vivo e Verdadeiro, o sereno arquiteto do espírito do homem e criador do mundo em expansão. A emoção de hoje está protegida por muros altos cobertos com vinhedo carregado de uvas maduras. Sou um campo limpo, às vezes nu; mas a alma está sempre coberta com folhas de árvores plantadas num brejo de águas abundantes. Minha viagem pelos solitários caminhos da evolução busca, nas alturas, o breve lampejo da luz verdadeira. Sim. Porque o exemplo do homem não pode ser o Adão caído no paraíso. A radiante estrela da manhã - o Cristo eterno- deve ser a finalidade do homem.
 
A simplicidade das coisas criadas por Deus é mais intensa do que a mais pura filosofia. Por essa razão o universo é redondinho e extraordinariamente exato. Tudo cabe dentro dele e, por maior que seja, Ele cabe dentro do coração do homem. Diariamente me desdobro em pétalas curvilíneas de grata oração. As curvas das ondas magnéticas descobertas pela física são caprichos do destino a mostrar o poder do sol. Por que chorar diante da adversidade se um dia voarei rumo às estrelas; pontos brilhantes colocados no céu para que meus olhos se voltem para o alto, onde todas as coisas são perfeitas e perenes.
 
Mesmo nas contrações do olhar, sou pleno. De essência azul celeste; a cor das vestes de Deus. Preciso ser inteiro para merecê-Lo. Uma espada flamejante - colocada nas mãos de anjos alados - brilha na eterna noite do cosmo a me proteger das armadilhas da caminhada. Eles também são guardiões que abençoam as minhas escolhas diárias. A todo minuto tenho que decidir sobre um monte de sonhos. Devo compartilhá-los com o próximo.
 
Dou aos amigos tudo o que levo nas mãos, exceto as minhas memórias. Reparto com os pássaros até as sementes de milho que levo para o plantio. Certamente que - num belo dia - eles voltarão para cantar na colheita. E isso me enche de esperança.
 
A crônica - esse estilo bem brasileiro - não é um lugar escondido nas sombras da mata. Ao contrário, é uma floresta de emoções guardadas na luz da memória. E, no brilho da mente, igual à semente do milho, brota nas espigas do ve[nto]rbo.
 
Eu acredito nas flores e na crônica poética. Mais uma rosa branca se abre no Vale das Quimeras. As chuvas serôdias voltaram para molhar a terra da promessa. As andorinhas voejam alegres sobre a plantação. Eu acredito no vento que venta.
 
(Publicada no Jornal Diário da Manhã - DM-Revista - Goiânia - Goiás em 10 de novembro de 2012).

Doracino Naves, jornalista; diretor e apresentador do programa Raízes Jornalismo Cultural, na Fonte TV (programaraízestv.net). Escreve aos sábados no DMRevista.

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