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Eu, jornalista tardio, trabalhava na revista Automóveis & Cia. Resolvera seguir no jornalismo tendo como exemplo o Batista Custódio. Com a verve dele e a palavra doce, leniente, de Jávier Godinho, cujos textos se transformam em borboletas de luz a clarear a magnífica floresta de homens. Escrever no mesmo espaço do jornal em que escreve Jávier Godinho é um privilégio. Não aprendi a escrever igual a eles, mas recebi as suas boas palavras. Batista Custódio é a fonte e o ideal do bom jornalismo. Às vezes duro, outras vezes ameno, generoso; hábil poeta na construção de metáforas lendárias. Seus textos são antológicos. Os melhores, criados desde o jornal Cinco de Março, estão guardados como tesouros da imprensa goiana.
Batista usa a palavra com a precisão de um esgrimista, mas tem no coração uma canção de amor escancarando as portas do DM aos bons ideais. Quando usa a navalha ou a pluma em seus textos Batista Custódio é supremo. Absoluto na arte de colocar o coração no teclado da sua máquina de escrever. Dialético, conclusivo, Batista é o eterno renovo do jornalismo brasileiro. Para o Diário da Manhã o silêncio é um crime. Por isso o jornal ouve o barulho dos artigos ecléticos dos colaboradores do Opinião.
Mas, o Batista não precisa de toda essa bajulação. Volto ao tema inicial. Faço essa transição textual porque recebo do “DM Revista” tabletes de açúcar refinado a adoçar minha crônica semanal. E ela vem incensada com o ideal jornalístico que deve se expressar em linguagem simples. Um bom modelo da singeleza de texto é o de Guimarães Rosa em Grande Sertão: Veredas.
No oitavo período do curso de jornalismo, mesmo interessado no impresso, já fazia o programa Raízes Jornalismo Cultural, na TV, nascido no estúdio de TV da Universidade Católica, hoje PUC-GO. Segui os passos dos professores Márcio Venício e Bernardete Coelho, jornalistas da TV Anhanguera que tentaram me ensinar um pouco sobre televisão. Se mais não aprendi é porque demoro a aprender as coisas. Mas, o tempo passa, a vida é curta, estreita como é o caminho do homem.
Ao contrário das ruas largas de Goiânia que, muitas vezes, levam ao desvio da aula inaugural da vida. Bela, jovem, irreverente, nossa cidade tem a força de dez cidades imbricadas uma na outra. Guarda em suas ruas e avenidas um pouco da pujança de São Paulo, da beleza de Brasília e da jovialidade de Palmas. Goiânia é tentadora nas suas curvas salientes.
No fim deste outono o céu se abre azul numa paisagem seca com pontinhas de sol brilhante nas ruas, nas praças, nos bosques, nos prédios e na alma das pessoas. As flores derrubadas pelo vento cantam à luz da manhã celebrando o mês das festas juninas.
Doracino Naves é jornalista. Diretor e apresentador do programa Raízes Jornalismo Cultural, na Fonte TV. (www.raizestv.net). Escreve aos sábados neste espaço
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