![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1aKc-izZ5pV56nnPcUS45uYdfc44_sL7Z3od9nTaAqNwOg_CsKSkBxi-ugET11_ItiS1yCnKeskLDdiDBGMNAQ9OaCxRhNZtbPIXK1j3tbY1b5Jc8TvokYmeyiILr4ECMYbUl0FjOAB42/s320/palmelo-medium.jpg)
Nisso, um bando de bem-te-vis, canários e curiós formam uma orquestra. Cada qual queria mostrar melhor talento vocal. Tem um efeito mágico o canto de passarinho na vereda. Me lembra Guimarães Rosa no seu Grande Sertão. Ou, Nana Moskouri, interpretando Serenata, de Franz Schubert.
Alguém me disse que o som dos pássaros nas matas é a matriz na qual se inspiraram os grandes compositores clássicos. Velhos tempos, antigas músicas a puxar as minhas lembranças que estão ligadas à trilogia de muitos significados: Porto do Barreiros, Palmelo, Goiânia. Chegava a Pires do Rio quando toca o celular. Era o Bira Galli. Parei novamente o carro perto de uma granja, à beira da estrada.
- Fala, irmão Bira. Diga-me tudo. Não me esconda nada!
Ele riu da brincadeira.
- Doracino, você está em Goiânia?
- Não, Bira. Estou em Pires do Rio, o maior bairro de Palmelo; capital da região da Estrada de Ferro de Goiás. Estou quase chegando ao Anel Viário de Palmelo.
- Pires do Rio bairro de Palmelo? Anel Viário? Lá só tem dez carros. Doracino, você está delirando. Capital de onde?
- Bira, você deve se render ao progresso de Palmelo. Por falar nisso, Bira, estou indo a uma exposição de esqueletos de dinossauros no principal Shopping da cidade. Aliás, essa exposição só foi mostrada, no Brasil, no Shopping Ibirapuerea, em São Paulo. Agora, chegou a Palmelo.
- É, definitivamente, você enloqueceu.
- Outra coisa, Bira, a Copa do Mundo, se Natal desistir, vem pra Palmelo. A Fifa já encomendou uma vistoria no Estádio Jerônimo Cândido Gomides.
- Pois, é. O seu amor por Palmelo, igual ao do Euripedes Leôncio, faz vocês verem coisas que não existem. Vamos ao que interessa...
A conversa continuou com amenidades.
Pires do Rio, claro, foi uma das mais importantes cidades de Goiás no início da estrada de ferro; continua sendo uma cidade bonita e agradável. Mas, amo Palmelo. Meu coração bate forte quando me vejo nas ruas que antes eram cobertas com terra batida pelo tropel dos cavalos, dos carros-de-bois e das boiadas atravessando a rua principal.
No ar de Palmelo ainda tem o perfume das flores e dos frutos do cerrado. O hálito da moça cheira a café com broa assada no forno à lenha. Ainda guardo na memória os leves pêlos das pernas da moça branca, dourados pelo sol do córrego Caiapó.
O carro balança no asfalto ainda molhado. Os pneus chiam pedindo para parar. Do alto, avisto a cidade amanhecendo nos meus olhos. Dalí meu pai Zequinha Naves fez muitas fotos com a sua máquina apoiada num tripé.
Minha sombra suaviza entre o Esbarrancado e a ponte do Caiapó. No alpendre da casa simples em frente ao Centro Espírita, meus tios Eurípedes Naves e Tita me esperam. Deslizo suavemente para o meu interior.
Fotos - ordem decrescente: Alexandre Pohlmann, Glaucio Henrique Chaves,Nápoli & Braga
Conheça Palmelo aqui...
Doracino Naves é jornalista. Diretor e apresentador do programa Raízes Jornalismo Cultural, na Fonte TV (http://www.raizestv.net/). Escreve aos sábados neste espaço.
0 comentários:
Postar um comentário